Semana da Arte Moderna

Boa tarde!

Nesta época, em fevereiro de 1922, um momento muito marcante estava para acontecer, que mudaria o rumo cultural do país.

Artistas de diversas áreas organizaram a Semana de Arte Moderna, que é o marco inicial do Modernismo Brasileiro.

Eis um pouco sobre o evento e também alguns dos resultados obtidos!

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arte moderna sem

Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve como principal propósito renovar, transformar o contexto artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas artes plásticas, na arquitetura e na música. Mudar, subverter uma produção artística, criar uma arte essencialmente brasileira, embora em sintonia com as novas tendências europeias, essa era basicamente a intenção dos modernistas.

Durante uma semana, a cidade entrou em plena ebulição cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de experiências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual, com o consequente rompimento com o passado. O catálogo da Semana apresenta nomes como os de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Desenho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm Haarberg, na Escultura; Antonio Garcia Moya e Georg Przyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores encontravam-se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sérgio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava representada por autores consagrados, como Villa-Lobos, Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.

O movimento modernista eclodiu em um contexto repleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais. Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguardas artísticas e linguagens liberadas de regras e de disciplinas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços para destruir suas ideias, em plena vigência da República Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política conservadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite, habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos, sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em suas preferências artísticas.

FONTE: http://www.infoescola.com/artes/semana-de-arte-moderna/

Poemas declamados na Semana de Arte Moderna:
Ode ao burguês
                                      Mário de Andrade
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
O burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! o homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampeões! os condes Joões! os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos;
E gemem sangue de alguns milréis fracos
Para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
E tocam os “Printemps” com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
O êxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
Ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
Padaria Suíça! Morte viva ao Adriano!
“- Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
– Um colar… – Conto e quinhentos!!!
Mas nós morremos de fome!”
Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!…
                             ANDRADE, Mário de. Mário de Andrade – poesias completas.
                                                                         Belo Horizonte: Villa Rica, 1993.
Os sapos¹
                    Manuel Bandeira
Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.
Em ronco que aterra,
Berra o sapo-boi:
– “Meu pai foi à guerra!”
– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”
O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: – “Meu cancioneiro
É bem martelado.
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
O meu verso é bom.
Frumento sem joio.
Faço rimas com
Consoantes de apoio.
Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A fôrmas a forma.
Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas…”
Urra o sapo-boi:
– “Meu pai foi rei” – “Foi!”
– “Não foi!” – “Foi!” – “Não foi!”
Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
– “A grande arte é como
Lavor de joalheiro.
Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo”.
Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
– “Sei!” – “Não sabe!” – “Sabe!”
Longe dessa grita,
Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;
Lá, fugido ao mundo,
Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é
Que soluças tu,
Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio…
                 BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa.
                                  Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.

Deixa nevar!

Boa tarde!

Para aqueles de acordaram, abriram a janela e se desanimaram ao ver tanta neve na rua, alegrem-se!

Por mais que neve seja tão comum quanto chuva ou nuvem para você, saiba que muitas pessoas SONHAM em poder “ver neve”.

Quando um brasileiro vê neve pela primeira vez, a reação é praticamente a mesma para todos: pulam, tentam pegar os flocos, dão risadas, fazem bonecos, guerra de neve (e tudo isso com muito barulho!)… Para confirmar como o brasileiro vê a neve como algo de “outro mundo”, eis uma crônica que explica direitinho!

Abraços a todos!

Das neves

Ricardo Freire • 24 junho, 2011

Tubing em Farellones, Santiago

Olha, por mais patriota que a pessoa seja, tem uma hora que a verdade aparece. O fato é que não, Deus não é brasileiro coisa nenhuma.

A prova a gente está vendo agora. Qual é o maior desejo do brasileiro? Aquilo que o brasileiro mais sonha ver na vida? Outros povos podem sonhar com a Torre Eiffel, o Taj Mahal ou o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. O brasileiro, não. O brasileiro é mais simples. Tudo o que o brasileiro quer na vida é poder ver neve.

É pedir muito, Deus? Só um pouquinho de neve. Pra ver como é. Dar uma pisadinha, entende? Uma hora brincando na neve, e o brasileiro já pode morrer feliz. (É uma figura de linguagem, viu, Deus? Não leve ao pé da letra, pelo amor do senhor mesmo.)

 Se Deus fosse realmente brasileiro, tinha arranjado um jeito de pôr neve no Brasil. Mas não. Quando neva em São Joaquim ou em Gramado, entre você ver a notícia no Jornal Nacional e pegar o avião, a neve já derreteu. Neve no Brasil não é neve: é um desaforo.

Daí teoricamente Deus pôs neve nos países vizinhos. Digo teoricamente porque não é bem assim. Neve tem época! Em janeiro todos os brasileirinhos estão de férias, e quem diz que Deus faz nevar na Argentina? É tudo muito malfeito.

E então quando chega naquele espacinho de tempo em que Deus permite que a neve coincida com as férias, o que acontece? Gripe suína. Terremoto. Cinzas de vulcão. Aeroportos fechados. Pânico. Deus que me perdoe, mas isso já é perseguição. Daqui a pouco o real desvaloriza de novo (toc, toc, toc) e aí sim, bye bye neve para sempre.

Mas nós da Viagens Brancas Ltda. não nos deixamos abater. O brasileiro tem, sim, direito à felicidade, e se a felicidade do brasileiro depende de ver neve, nós faremos de tudo para que seu sonho se realize. Estamos lançando o pacote All-Snowed.

Todos os sábados um Boeing fretado está à nossa disposição em Cumbica para levar nossos clientes a algum lugar do planeta onde haja neve. Se não houver neve em lugar nenhum, levamos você direto a Dubai, onde uma pista de esqui coberta está aberta 365 dias por ano.

Ligue já. Não se sabe até quando (toc, toc, toc) Deus vai deixar que esse real forte fique no seu bolso.

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Fonte: http://www.viajenaviagem.com/2011/06/das-neves-minha-cronica-no-divirta-se-do-estadao/